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Compreender o conceito de competências socioemocionais envolve o estudo das emoções. Ao longo da história, as emoções foram abordadas de diferentes perspectivas: da neuropsicologia, da biologia, dos padrões das espécies, da psicopedagogia, da cultura etc. Dentre todas essas abordagens, aquelas voltadas para as competências socioemocionais no contexto escolar são as de interesse nesse texto por abordarem diretamente as novas diretrizes propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Na BNCC, as competências socioemocionais estão presentes em todas as 10 competências gerais. Portanto, no Brasil, até 2020, todas as escolas deverão contemplar as competências socioemocionais em seus currículos. Diante dessa demanda, precisamos conhecer mais sobre a educação socioemocional (Social Emotional Learning – SEL).

Segundo Casel, a educação socioemocional refere-se ao processo de entendimento e manejo das emoções, com empatia e pela tomada de decisão responsável. Para que isso ocorra, é fundamental a promoção da educação socioemocional nas mais diferentes situações, dentro e fora da escola, pelo desenvolvimento das cinco competências apresentadas a seguir:

Autoconsciência: Envolve o conhecimento de cada pessoa, bem como de suas forças e limitações, sempre mantendo uma atitude otimista e voltada para o crescimento.

Autogestão: Relaciona-se ao gerenciamento eficiente do estresse, ao controle de impulsos e à definição de metas.

Consciência social: Necessita do exercício da empatia, do colocar-se “no lugar dos outros”, respeitando a diversidade.

Habilidades de relacionamento: Relacionam-se com as habilidades de ouvir com empatia, falar clara e objetivamente, cooperar com os demais, resistir à pressão social inadequada (ao bullying, por exemplo), solucionar conflitos de modo construtivo e respeitoso, bem como auxiliar o outro quando for o caso.

Tomada de decisão responsável: Preconiza as escolhas pessoais e as interações sociais de acordo com as normas, os cuidados com a segurança e os padrões éticos de uma sociedade.

O grande desafio que se configura atualmente é investir nas competências cognitivas/acadêmicas e também nas competências socioemocionais. Quanto a essa questão, CASEL (2015) aponta que investir em competências socioemocionais beneficia o aluno não apenas no desenvolvimento dessas competências, mas também no desempenho escolar de modo geral e na manutenção de uma sociedade pró-social. Portanto, para que as competências socioemocionais sejam trabalhadas no contexto escolar do aluno do século XXI, elas devem ser o foco de qualquer proposta curricular que venha a ser delineada a partir da BNCC.

Marcos Meier e Sandra Garcia (2007), pautados em Feuerstein, apontam alguns critérios de mediação, em consonância com ações apoiadas nas competências socioemocionais, que podem ser transpostos para a sala de aula, a saber:

  1. Intencionalidade e reciprocidade: o educador deve apresentar objetivos/metas claras e concretas (assim produzirá maior reciprocidade entre os alunos).
  2. Significado: o educador deve explicar o conceito (relacionado ao tema trabalhado na aula) e suas implicações com outros conceitos de modo claro e objetivo verificando se o aluno os compreendeu.
  3. Transcendência: o educador deve articular as aprendizagens de modo que transcendam o “aqui e agora”, favorecendo o aluno a pensar sobre as implicações do que está sendo “dito e feito”.
  4. Competência: o educador deve proporcionar que o aluno se sinta “capaz” de aprender, favorecendo sua motivação e autoestima. Ou seja, deve oportunizar situações em que o aluno obtenha sucesso. Para isso, as aulas, avaliações, linguagens etc. devem estar de acordo com o nível do aluno para o tema abordado. O feedback ao aluno é fundamental!
  5. Regulação e controle do comportamento: o educador deve apoiar o aluno a controlar/regular suas ações nas diferentes situações, incluindo as estressoras. Portanto, apoiar a discussão reflexiva, com o aluno e no grupo, é importante!
  6. Compartilhar: o educador deve manter e reforçar o clima escolar de respeito, ajuda mútua e valorizar a importância do controle das emoções, da comunicação clara e respeitosa, do balanceamento entre os objetivos/metas pessoais e do grupo. Situações de debate, troca de ideias e afins são de fundamental importância!
  7. Individuação e diferenciação psicológica: o educador deve valorizar as diferenças, desenvolvendo a consciência e a singularidade de cada aluno – e como ela pode coabitar com o grupo e fortalecê-lo.
  8. Planejamento e busca por objetivos: o educador pode apoiar o aluno na identificação de suas metas (objetivas, claras e que respeitem os demais) e ajudá-lo no planejamento (concreto e com passos possíveis de serem realizados) para que essas metas sejam alcançadas. A conversa e as estratégias para análise (como antecipação por imagens mentais) são de suma importância.
  9. Procura pelo novo e pela complexidade: o educador deve propor situações desafiadoras e incentivar a sua resolução de modo respeitoso.
  10. Consciência da modificabilidade: o educador deve sempre buscar novos caminhos, recursos, estratégias etc., de forma a apoiar a todos os alunos (nunca desistir de um aluno quando a maioria já dominou um assunto, situação etc.).
  11. Sentimento de pertença: o educador deve apoiar o aluno a identificar as pessoas que se aproximam ou que se identificam com ele, em outras palavras, o educador deve auxiliar os alunos a se sentirem pertencentes a um grupo.
  12. Construção do vínculo: o educador deve buscar vincular-se aos alunos e vice-versa. O vínculo é fundamental para a ação em grupo!

De acordo com a ONU, no século XXI, estas são as 10 competências que devemos desenvolver para alcançar nosso potencial:

1 – Flexibilidade  cognitiva;

2 – Habilidade de negociação;

3 – Orientação para servir (empatia com a necessidade do outro);

4 – Julgamento e tomada de decisão;

5 – Inteligência emocional;

6 – Habilidades interpessoais em coordenar diferentes talentos e personalidades;

7 – Gestão de pessoas (liderança);

8 – Criatividade;

9 – Pensamento crítico;

10 – Resolução e problemas complexos.

Observamos que as competências técnicas, cedem espaço agora para as competências emocionais, pois as emoções governam a nossa capacidade de aprender. É importante que as pessoas entendam as suas emoções assim como entendem como funciona uma máquina, um projeto arquitetônico... A gestão das emoções pode ser aprendida e quando aprimorada contribui significativamente para a aprendizagem e a produtividade, pois, estas habilidades estão relacionadas com autoconhecimento e autocontrole. Ou seja, pessoas que gerenciam as sua emoções tendem a ser menos reativos e mais empáticas, conseguem lidar melhor com situações de conflito e se comunicam de maneira mais eficiente. Pessoas com um nível de gestão das emoções mais eficiente, demonstram em pesquisa, compreenderem o significado de felicidade e portanto, mostram níveis mais elevados de bem estar.

 

educ positivaPEEP –Programa Educação Emocional Positiva (Miriam Rodrigues)

Na Clínica Sinapse

“Nada tem mais poder sobre mim do que aquele que eu atribuo aos meus pensamentos conscientes.” Anthony Robbins

O equilíbrio emocional é um estado.  É o resultado das respostas/reação que temos aos acontecimentos e emoções. Para cada pensamento existe um determinado estado interno que é gerado (batimento cardíaco acelerado, fluidez de pensamento, aumento da temperatura corporal, tensão muscular aumentada, sudação, entre outros), estes sintomas, representam a preparação do corpo para a ação. Se antecipadamente não nos apercebermos destes estados, eles vão gerar atitudes e comportamentos automáticos, irão formar uma resposta emocional, na maioria das vezes de forma impulsiva e pouco inteligente.

O nosso equilíbrio emocional está dependente do conhecimento que temos dos nossos estados internos e da influência que estes têm sobre o nosso pensamento, comportamento e atitudes.

Segundo Miriam Rodrigues, saber lidar com as emoções é uma grande lição. E, ter competência para regular seus estados emocionais diante das situações que nos perturbam e preocupam, são um antídoto para o estresse, o grande vilão dos tempos atuais para todos, desde crianças, adolescentes, adultos e melhor idade... Aceleramos a vida de modo que nossas emoções não conseguem acompanhar e o desiquilíbrio emocional instaura a doença mental.

O que é o programa educação emocional positiva?

O PEEP, idealizado pela psicóloga Miriam Rodrigues, autora dentre outros, do livro: Educação emocional positiva – saber lidar com as emoções é uma importante lição, onde está estruturado o programa. A Clínica Sinapse tem a psicóloga Solange Pereira como facilitadora do programa educação emocional positiva: para crianças e adolescentes em grupo, adultos individualmente ou pais e ambientes corporativos com módulos vivenciais.

É um programa psicoeducacional, preventivo com materiais desenvolvidos especialmente para cada público.

O Programa tem como base epistemológica em seus pilares de construção e sustentação: a psicologia positiva, a terapia cognitiva, a educação emocional e arte educação.

A psicologia positiva, se define como um movimento científico que estuda a felicidade e o bem estar. É uma abordagem que enfoca as forças pessoais, as virtudes e o bem estar, com o objetivo de aumentar a quantidade de satisfação com a vida. As características essenciais são: emoções positivas, engajamento/interesse, sentido/propósito.

A TC – terapia cognitiva acredita, que muitos dos nossos sofrimentos pessoais, das nossas perturbações emocionais são causadas pela forma incorreta, disfuncional que nós temos de pensar, ou seja, não sofremos pelo que acontece propriamente, mas sofremos por aquilo que pensamos e interpretamos do que nos acontece. Sofremos porque pensamos errado, de forma distorcida e através de ações/técnicas, podemos corrigir esses pensamentos e melhorar nossa atuação frente ao que nos acontece.

A educação emocional é quando nos apropriamos da percepção das emoções que sentimos, conseguimos perceber as emoções nos outros, conseguimos nomear e verbalizar essas emoções, tendo diante das mesmas um comportamento construtivo e resolutivo.

A arte educação é complementar a essa estrutura. A educação emocional deve ser expressiva, divertida e lúdica, pois a arte é um meio através da qual podemos acessar nossas emoções.

Segundo Paul Ekman (A linguagem das emoções, 2003), as emoções determinam nossa qualidade de vida. Então, aprender sobre educação emocional é fundamental para o desenvolvimento do cérebro, da mente, da consciência. De acordo com Miriam Rodrigues, todos os comportamentos são aprendidos, assim como lidar com as emoções também pode ser.

Procure a Clínica Sinapse ou entre em contato com a facilitadora Psicóloga Solange (whatsapp 9 99940040), para outras informações.

Referências:

EKMAN, P. A linguagem das emoções. Editora: Lua de Papel. SP, 2003.

SELIGMAN, Martin E.P. Felicidade autêntica: usando a nova psicologia positiva para a realização permanente. Tradução de Neuza Capelo. Rio de Janeiro. Objetiva, 2009.

SELIGMAN, Martin E.P. Florescer: uma nova compreensão sobre a natureza da felicidade e do bem estar. Tradução de Cristina Paixão Lopes. Rio de Janeiro. Objetiva, 2011.

HUTZ, Claudio S. & org. Avaliação em psicologia positiva. Artmed: Porto Alegre, 2014.

CORRÊA, Andréa P. (org); ROMA, Andréia (coord). Psicologia Positiva – Teoria e prática. Leader: São Paulo, 2016.

MEIER, Marcos; GARCIA, Sandra. Mediação da Aprendizagem: contribuições de Feuerstein e Vygotsky. Curitiba: edição do Autor, 2007.

BNCC – Base Nacional Comum Curricular. MEC, 2018.

Blog EI – Escola da Inteligência – Educação socioemocional, acessado em 15/02/2020.